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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Para tentar cavar 2º turno, Serra recorre a populismo

Lula Marques/Folha

A campanha presidencial de José Serra vive uma nova fase. A duas semanas da eleição, injetaram-se na propaganda tucana promessas de apelo popular.

Nos últimos dias, Serra passou a alardear o compromisso de elevar o salário mínimo para R$ 600 já em 2011.

Na propaganda televisiva de sábado (18), levou ao ar outra promessa que desafia as contas públicas: o aumento das aposentadorias do INSS em 10%.

Empacado nas pesquisas –entre 25% e 27%, conforme o instituto— Serra conduz sua campanha para uma terceira fase.

Na primeira, absteve-se de criticar o governo. Apresentou-se como um político mais capaz do que Dilma Rousseff para aperfeiçoar o legado de Lula.

Na segunda, cavalgando o caso da violação do sigilo fiscal de familiares e tucanos, Serra elevou o tom. Passou a mesclar a venda da biografia à denúncia.

Agora, a acusação da Receita é substituída pelo alarido em torno do caso de tráfico de influência na Casa Civil. E surgem as promessas de timbre eleitoreiro.

Com as críticas, tenta-se seduzir o eleitor de classe média. Com o mínimo e a aposentadoria, mira-se no eleitor de baixa renda.

Nos dois casos, o objetivo é produzir um cenário capaz de reverter o favotismos de Dilma, empurrando a disputa para o segundo turno.

Até aqui, os esforços de Serra revelaram-se infrutíferos. As últimas pesquisas mostraram que o apelo à denúncia chegou a um pedaço da classe média.

Nesse nicho do eleitorado, Dilma perdeu votos. Mas quem se beneficiou foi Marina Silva, não Serra. E Dilma cresceu noutras faixas, compensando a perda.

Em relação às propostas de coloração populista, Serra enfrenta, desde a noite de sexta (17), a oposição do principal ator da campanha: Lula.

No papel de condutor da própria sucessão, Lula ironizou, num comício de Juiz de Fora (MG), o mínimo de R$ 600: “Pensam que o eleitor é tonto?”

No vaivém marqueiteiro, um detalhe adiciona à tática um quê de oportunismo. Há duas semanas, Serra passou a ser apresentado na propaganda como "ministro do Real".

Lançado sob Itamar Franco, o Real é obra da inteligência de um grupo de economistas reunidos pelo então ministro Fernando Henrique Cardoso, personagem ausente da campanha de Serra.

Consolidada no primeiro mandato de FHC no Planalto, a nova moeda não traz as digitais de Serra. Ao contrário.

Nessa época, Serra era ministro do Planejamento de FHC. Os operadores do Real, acomodados na Fazenda e no Banco Central, queixavam-se do eterno nariz torcido do colega.