Fábio Pozzebom/ABr
Submetido a uma conjuntura acerba, José Serra atravessa um daqueles ciclos da vida em que o pesadelo é, por vezes, melhor do que o despertar.
Submetido a uma conjuntura acerba, José Serra atravessa um daqueles ciclos da vida em que o pesadelo é, por vezes, melhor do que o despertar.Nesta quarta (15), o presidenciável tucano deu mostras de que tem certa dificuldade de lidar com o cenário de borrasca que o rodeia.
Foi aos estúdios da CNT, para uma entrevista com Márcia Peltier. Coisa de quatro blocos. Já no primeiro, Serra escalou as tamancas.
Abespinhou-se com as perguntas. Versavam sobre pesquisas de opinião e violação dos sigilos fiscais de tucanos e familiares do candidato.
Serra ameaçou interromper a entrevista. Dizia-se sufocado.
A pretexto de buscar uma coca-cola, fora do estúdio, chegou a retirar o microfone que pendia de sua lapela.
Findo o bloco inaugural da entrevista, Serra disse à apresentadora: "Não vou dar essa entrevista, você me desculpa".
Esperava ser aguido sobre política e, sobretudo, economia. Reclamou do rumo da prosa. "Faz de conta que eu não vim".
O primeiro bloco não terminara bem. Serra insinuara que o programa fora "montado". A entrevistadora reagiu: “Montado para que? Aqui não tem isso”.
No intervalo, como o candidato ameaçava se retirar e a coisa enveredava para o bate-boca, foi à cena um terceiro personagem.
O diretor de jornalismo da emissora, Domingos Trevisan, viu-se compelido a entrar no estúdio.
Câmera desligada, Serra disse a Trevisan, em timbre peremptório: "Se a entrevista é essa, não preciso mais ficar".
Insinuou que Márcia Peltier encampara a tese de Dilma segundo a qual os ataques na Receita haviam ocorrido numa fase em que ela ainda não era candidata.
Trevisan argumentou que restavam três blocos de entrevista. Tempo bastante para a abordagem de outros temas.
Reclama daqui, argumenta dali Serra ficou. No final da entrevista, posou para fotos ao lado da algoz Márcia.
O resultado da entrevista vai ao ar na noite desta quarta, às 22h50. O telespectador não terá a oportunidade de assistir à arenga completa. O pico do destempero se deu no intervalo. Pena.
Se visse tudo, a platéia talvez concluísse que, em matéria de liberdade de imprensa, o tucano Serra se aproxima do petê José Dirceu, para quem há “abuso no poder de informar”.
Vai abaixo um trecho do áudio, captado por uma repórter do 'Terra'. Incluiu pedaços que não devem ser exibidos logo mais:








