Falando nas pegadas da entrevista em que Lula disse que o governo dela terá a sua “cara”, Dilma Rousseff repisou a tecla do diálogo com a oposição.
Celebrou um telefonema “republicano” que recebeu do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Referiu-se ao tucano que derrotou o petista Aloizio Mercadante como “nosso governador Alckmin".
Submeteu-se a questionamentos sobre os mais variados temas –de salário mínimo a deireitos humanos no Irã.
Sobre o mínimo, contou que avalia a hipótese de mexer na metodologia que rege os reajustes, de modo a tonificar o aumento previsto para 2011.
Reza a lei que o reajuste do salário mínimo repõe a inflação dos 12 meses anteriores e adicona a variação do PIB dos últimos dois anos.
O diabo é que o PIB de 2009, espremido pela crise global, foi mixuruca: registrou queda de 0,2%. Daí a cogitação de Dilma de mexer na conta.
"Nós estamos avaliando se é possível fazer essa compensação", disse. Quanto aos reajustes futuros, ela soou otimista:
"Em um cenário de PIB crescendo às taxas que nós esperamos, teremos salário mínimo no horizonte de 2014 bem acima de 700 e poucos reais".
Afirmou que, empossada, não cogita enviar ao Congresso projeto que recrie a CPMF. Disse, contudo, que não ignora que governadores analisam essa ideia.
Nomes para o ministério? Não estão “maduros” ainda, disse Dilma. Reafirmou que usará dois critérios:
"Vou exigir competência técnica, um histórico de pessoas que não tenham problemas de nenhuma ordem. E considero importante os critérios políticos".
Repetiu que não fará anúncios “fragmentados”. Recursou-se a marcar prazo: “Não sou doida”.
Ecoando Lula, que falara aos repórteres antes dela, disse que vai à reunião do G-20, em Seul, disposta a brigar contra a guerra cambial.
Uma guerra que Lula fizera questão de atribuir à manipulação que EUA e China fazem da cotação de suas moedas.
"Todos os países que não são a China e os EUA percebem que há uma guerra cambial”, Dilma reforçou.
“E eu quero dizer para vocês que em uma situação dessas não tem solução individual".
Antes dela, o presidente dissera: "Vou para o G-20 para brigar. Se eles já tinham problema para enfrentar o Lula, agora vão enfrentar o Lula e a Dilma".
Provocada, Dilma comentou a sentença de execução da iraniana Sakineh Ashtiani. Não usou meias palavras:
"Eu sou radicalmente contra o apedrejamento da Sakineh. [...] Entendo que é uma coisa muito bárbara".
Organismos internacionais dizem que a execução da iraniana é iminente. Deve ir à forca, não mais às pedras.