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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Lula anuncia o que todos sabem, mas não acreditam

Um presidente da República recém-eleito costuma ser assaltado por uma ilusão. A ilusão de que vai presidir. Com Dilma Rousseff é diferente.

Atriz coadjuvante de uma peça escrita, produzida, dirigida e estrelada por Lula, Dilma não teve direito nem à ilusão de que preside.

Eleita no domingo, começou a costurar a composição do futuro governo na manhã seguinte.

As manchetes informam que cada partido terá sua cota. E avisam que Dilma é da cota de Lula.

Decorridos quatro dias do encontro do eleitor com a urna, Lula sentiu-se como que compelido a prestar esclarecimentos.

Em entrevista extraordinária, ele veio aos holofotes para informar algo que todo mundo sabe, mas ninguém acredita: Dilma foi eleita presidente.

Disse que sua pupila montará o ministério que bem entender: “O governo da Dilma tem que ter a cara e a semelhança da Dilma”.

Nenhum nome foi anunciado. A cara do “novo” governo é, por ora, um retrato calado. A platéia intui que vem aí algo muito parecido.

A barba do Lula, o bigode do Sarney, as orelhas do Temer, a boquinha do Renan, a calva do Meirelles, o nariz do Palocci, os olhos azuis do Eduardo Campos...

Lula negou que tenha requerido a permanência de alguns de seus auxiliares. “Rei morto, rei posto”, disse.

Sabe-se, porém, que o Paulo Bernardo deve ficar. O Guido Mantega também será aproveitado. E quanto a Lula, vai voltar em 2014?

A resposta veio na forma de lero-lero. O presidente declarou que, com a popularidade granjeda, o retorno geraria expectativas inauditas.

Disse que é “pequeno” discutir a coisa agora. Afirmou que Dilma, se bem sucedida, deve disputar a reeleição. Lula só não disse um peremptório e sonoro “NÃO”.

Preferiu fazer piada. Melhor evitar a discurssão, disse ele, "senão vai chover bolinhas de papel em nossa cabeça".


Terminada a performance do protagonista, a coadjuvante foi ao microfone. Àquela altura, estava claro qual será o primeiro desafio de Dilma.

Ela vai à cadeira de presidente, em janeiro de 2011, com a missão de provar que é presidente.

Lula encareceu à oposição que não trate a sua sombra do modo "raivoso" com que o tratou.