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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma para os opositores: ‘Estendo minha mão a eles’

O primeiro pronunciamento de Dilma Rousseff como presidente eleita foi frio e sóbrio. Em 25 minutos, disse o básico e essencial.

Só demonstrou emoção ao pronunciar o nome de Lula. Nesse ponto, embargou a voz. Sorveu um gole d’água. "Baterei muito à sua porta..." No vídeo do alto, os melhores trechos. Aqui, a íntegra do áudio

Dilma acenou para os “partidos de oposição” e para os setores que se opuseram à sua eleição: “Estendo minha mão a eles”.

Realçou o ineditismo de uma presidência de batom: Prometeu “honrar as mulheres, para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento natural”.

Comprometeu-se com os valores da democracia: “Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa, pela mais ampla liberdade religiosa e de culto...

“...Pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos. [...]. Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da presidência da República”.

Repisou promessas de campanha. A principal delas: “A erradicação da miséria e a criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras”.

Atenuou a retórica: “Esta ambiciosa meta não será realizada pela vontade do governo” Pediu ajuda “aos empresários, às igrejas, às entidades civis...”

“...Às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem".

Começou a falar a sério sobre economia. Soou como se afiasse a tesoura: “O povo brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja sustentável”.

Especificou os setores que não serão alcançados pela lâmina:

“Recusamos as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos”.

O PIB? “Buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas, social e ambientalmente sustentáveis. Para isso, zelaremos pela poupança pública”.

Antes de estender a mão à oposição, disse que governará com os dez partidos que integraram sua coligação.

Repisou um lero-lero comum a todos os antecessores –tanto na reiteração quanto no descumprimento:

“Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos”.

Disse que as nomeações serão guiadas pela meritocracia. Citou “a capacidade profissional, a liderança e a disposição de servir ao país” como essenciais.

Reformas? Só mencionou uma: a política. Ao final de uma campanha em que teve de se esquivar do Erenicegate e do Fiscogate, declarou:

“Não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo...”

“...Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos”.

Deixou os “agradecimentos” para o final. Primeiro, aos eleitores. Aos seus: “Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido”.

E aos que optaram pelos outros: “Agradeço respeitosamente também àqueles que votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou candidatas”.

Por quê: “Eles também fizeram valer a festa da democracia”.

Alisou um setor que o petismo passou a enxergar como inimigo: “Agradeço à imprensa brasileira e estrangeira” pela cobertura da eleição.

Remoeu as diferenças: “Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste”.

Martelou uma frase que já levara aos lábios noutras oportunidades: “Disse e repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das ditaduras”.

Por fim, deteve-se no principal responsável por ter virado presidente da República:

“Agradeço muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria, são coisas que se guarda para a vida toda...”

“...Conviver durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente”.

Por ora, não parece preocupada em livrar-se da lulodependência: “Baterei muito à sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta”.

Em termos protocolares, o discurso foi mais do que adequado. É preciso agora dar tempo ao tempo para verificar qual será a prática.  

- Serviço: Aqui, a íntegra da transcrição do discurso da nova presidente da República.