O primeiro pronunciamento de Dilma Rousseff como presidente eleita foi frio e sóbrio. Em 25 minutos, disse o básico e essencial.
Só  demonstrou emoção ao pronunciar o nome de Lula. Nesse ponto, embargou a  voz. Sorveu um gole d’água. "Baterei muito à sua porta..." No vídeo do  alto, os melhores trechos. Aqui, a íntegra do áudio
Dilma acenou para os “partidos de oposição” e para os setores que se opuseram à sua eleição: “Estendo minha mão a eles”.
Realçou  o ineditismo de uma presidência de batom: Prometeu “honrar as mulheres,  para que este fato, até hoje inédito, se transforme num evento  natural”.
Comprometeu-se  com os valores da democracia: “Zelarei pela mais ampla e irrestrita  liberdade de imprensa, pela mais ampla liberdade religiosa e de culto...
“...Pela  observação criteriosa e permanente dos direitos humanos. [...].  Zelarei, enfim, pela nossa Constituição, dever maior da presidência da  República”.
Repisou  promessas de campanha. A principal delas: “A erradicação da miséria e a  criação de oportunidades para todos os brasileiros e brasileiras”.
Atenuou  a retórica: “Esta ambiciosa meta não será realizada pela vontade do  governo” Pediu ajuda “aos empresários, às igrejas, às entidades  civis...”
“...Às universidades, à imprensa, aos governadores, aos prefeitos e a todas as pessoas de bem". 
Começou  a falar a sério sobre economia. Soou como se afiasse a tesoura: “O povo  brasileiro não aceita que governos gastem acima do que seja  sustentável”.
Especificou os setores que não serão alcançados pela lâmina: 
“Recusamos  as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços  essenciais à população e os necessários investimentos”.
O  PIB? “Buscaremos o desenvolvimento de longo prazo, a taxas elevadas,  social e ambientalmente sustentáveis. Para isso, zelaremos pela poupança  pública”.
Antes de estender a mão à oposição, disse que governará com os dez partidos que integraram sua coligação.
Repisou um lero-lero comum a todos os antecessores –tanto na reiteração quanto no descumprimento: 
“Nomearei ministros e equipes de primeira qualidade para realizar esses objetivos”. 
Disse  que as nomeações serão guiadas pela meritocracia. Citou “a capacidade  profissional, a liderança e a disposição de servir ao país” como  essenciais.
Reformas?  Só mencionou uma: a política. Ao final de uma campanha em que teve de  se esquivar do Erenicegate e do Fiscogate, declarou:
“Não  haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito. Serei rígida na  defesa do interesse público em todos os níveis de meu governo...”
“...Os órgãos de controle e de fiscalização trabalharão com meu respaldo, sem jamais perseguir adversários ou proteger amigos”.
Deixou os “agradecimentos” para o final. Primeiro, aos eleitores. Aos seus: “Prometo devolver em dobro todo o carinho recebido”.
E aos  que optaram pelos outros: “Agradeço respeitosamente também àqueles que  votaram no primeiro e no segundo turno em outros candidatos ou  candidatas”. 
Por quê: “Eles também fizeram valer a festa da democracia”.
Alisou  um setor que o petismo passou a enxergar como inimigo: “Agradeço à  imprensa brasileira e estrangeira” pela cobertura da eleição.
Remoeu as diferenças: “Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste”.
Martelou  uma frase que já levara aos lábios noutras oportunidades: “Disse e  repito que prefiro o barulho da imprensa livre ao silencio das  ditaduras”.
Por fim, deteve-se no principal responsável por ter virado presidente da República:
“Agradeço  muito especialmente ao presidente Lula. Ter a honra de seu apoio, ter o  privilégio de sua convivência, ter aprendido com sua imensa sabedoria,  são coisas que se guarda para a vida toda...”
“...Conviver  durante todos estes anos com ele me deu a exata dimensão do governante  justo e do líder apaixonado por seu pais e por sua gente”.
Por  ora, não parece preocupada em livrar-se da lulodependência: “Baterei  muito à sua porta e, tenho certeza, que a encontrarei sempre aberta”.
Em  termos protocolares, o discurso foi mais do que adequado. É preciso  agora dar tempo ao tempo para verificar qual será a prática.  
- Serviço: Aqui, a íntegra da transcrição do discurso da nova presidente da República.








