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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Dilma terá de enfrentar desafios


BRASÍLIA
A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, assume a Presidência da República hoje, e a expectativa, de acordo com os seus últimos pronunciamentos e durante toda a campanha eleitoral, é de que dará continuidade ao legado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo que com uma abordagem diferente em alguns temas. Após a sua vitória nas eleições de 31 de outubro, Dilma declarou que recebe do antecessor uma "herança bendita", representada pelos avanços sociais e econômicos do País nos últimos oito anos.
Após quatro meses de uma campanha eleitoral, Dilma foi eleita a primeira presidente da história do Brasil. A então candidata petista derrotou o tucano José Serra, com mais de 50 milhões de votos, mas em um segundo turno em que a abstenção superou os 20 milhões de eleitores.
A presidente eleita terá seu primeiro desafio político imediatamente após tomar posse na Presidência: evitar que o valor do novo salário mínimo – R$ 540,00 - seja elevado no Congresso Nacional.
As discussões ocorrerão num clima de tensão pela disputa de espaço entre o PT e seu principal aliado, o PMDB. Outro assunto bem polêmico é com relação a provável elevação das taxas de juros pelo Banco Central.
A presidente deverá ter mais facilidade para aprovar projetos do governo do que o seu antecessor. Diferentemente do que ocorreu nos oito anos de Lula na Presidência, os partidos da base governista possuem ampla maioria no Congresso Nacional.
Dilma herda alguns pontos que ficaram sem solução durante a gestão Lula, como a reforma tributária (fiscal), a reforma política, a reforma sindical e o concurso para a compra de 36 caças para a Força Aérea.
Resta saber como a oposição se comportará na próxima legislatura no Congresso Nacional. Como se sabe, a oposição tem menos de 130 deputados na Câmara e menos da metade dos senadores. Tais números inviabilizam, por exemplo, a obstrução de votações e até a proposição de comissões de investigações, as CPIs e CPMIs.
Um mês após o anúncio dos integrantes da equipe econômica e às vésperas do Natal, a presidente eleita concluiu a formação de seu ministério. Nesse período, Dilma optou pela discrição: os futuros ministros foram anunciados por meio de notas oficiais, divulgadas pela equipe de transição. Primeira mulher eleita presidente no País, ela aumentou a participação feminina na Presidência, indicando nove ministras – seis a mais do que na última gestão de Lula.
A continuidade do Governo reflete-se na escolha da nova equipe, já que 14 dos seus colaboradores (ministros e outros cargos de primeiro escalão) trabalharam com o atual presidente, entre os 37 escolhidos para a sua Administração.
A escolha de Miriam Belchior para o Ministério do Planejamento demonstra a continuidade da administração de seu antecessor, já que a ministra foi coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de Lula.
Manter a estabilidade econômica e do investimento, o controle da inflação, manter o câmbio flutuante e trabalhar para reduzir fortemente os juros são algumas das promessas de Dilma para o setor econômico.
A presidente eleita também prometeu não privatizar a Petrobrás e utilizar os lucros do petróleo para investir em áreas como educação, saúde, cultura e no combate à pobreza, considerado um dos pontos mais importante para a presidente eleita.
Dilma Rousseff também anunciou um aumento no benefício do Bolsa Família (distribuição de rendimento), um dos grandes sucessos no plano social do governo de Lula da Silva.
No plano externo, a presidente eleita irá atuar de forma diferente de Lula da Silva em algumas áreas, visto que condenou veementemente a prática da lapidação - praticada em alguns países muçulmanos - e mostrou-se contrária à posição de apoio irrestrito do Brasil ao Irã.
O governo dos Estados Unidos, Barack Obama, confirmou que a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, virá para a posse. Em um comunicado, o porta-voz da Casa Branca, Philip J. Crowley, informou que o objetivo é "avançar" e "aprofundar" as relações bilaterais e globais.
"O Brasil é um parceiro essencial no continente e no mundo e os Estados Unidos estão empenhados em aprofundar as nossas relações em uma ampla gama de assuntos bilaterais, regionais e globais com o governo e o povo do Brasil", diz o comunicado.
A expectativa é que cerca de 50 autoridades estrangeiras participem da posse da presidenta eleita – entre presidentes da República, primeiros-ministros, chanceleres e o príncipe Felipe da Espanha
O presidente Lula descerá a rampa do Palácio do Planalto pela última vez, ao se despedir do cargo, ao som do "Tema da Vitória", música tradicionalmente associada às conquistas brasileiras na Fórmula 1 - na semana passada, o tema foi testado e aprovado pela banda dos Dragões da Independência, o regimento da guarda presidencial.
Lula deixa o cargo com os maiores índices de aprovação. De acordo com o instituto Sensus, que trabalha para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), o petista chega ao final do governo com 87% de aprovação a seu desempenho pessoal. O governo como um todo é considerado ótimo ou bom por 83%.
Durante a semana, ao comentar o ritmo do crescimento da economia, Lula afirmou que a presidente eleita pegará o País "a 120 quilômetros por hora" e vai pisar ainda mais no acelerador. "Para que ficar discutindo 2014, 2018, 2050? Vamos discutir 2011 A Dilminha vai pegar esse País a 120 por hora. Ela parece que gosta de corrida. Vai apertar um pouquinho o acelerador e nós vamos correr mais rápido, gerar mais emprego, mais renda. Eu acho que o Brasil precisa deixar para discutir eleições quando estiver nas eleições. Só quem tem interesse de discutir eleição agora são meus adversários. Eles estão doidinhos para discutir eleição."