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O que deveria ser simples –a escolha de um líder para o governo Dilma na Câmara— converteu-se em guerra. O PT briga consigo mesmo pelo posto.
De um lado, move-se o grupo reunido em torno de Cândido Vaccarezza (SP), batido nas preliminares da disputa pela presidência da Câmara.
Do lado oposto, age a ala representada por Marco Maia (RS), o ex-azarão que prevaleceu sobre Vaccarezza e tornou-se favorito ao comando da Câmara.
O grupo de Vaccarezza espera que Dilma Rousseff o nomeie para o exercício das funções de líder do governo. Um posto que ocupou sob Lula.
A ala de Maia tenta convencer a presidente a acomodar na função um de seus deputados: Arlindo Chinaglia (SP) ou Henrique Fontana (RS).
Ex-presidente da Câmara, Chinaglia queria retornar à cadeira. Abdicou da pretensão em favor de Maia, ajudando a compor a maioria que esmagou Vaccarezza no PT.
Fontana também já atuou como líder de Lula na Câmara. Apeado pelo Planalto, viu o posto migrar para as mãos de Vaccarezza. Sob Dilma, almeja dar o troco.
Dilma terá de optar por um dos petistas que a assediam até o final do mês. Em fevereiro, começa a nova legislatura.
Depois do malogro de seu plano de representar o PT na poltrona de presidente da Câmara, Vaccarezza voou para o exterior.
Passou pelos EUA e Londres. Encontra-se em Paris. Retorna a Brasíla nesta quinta (20), em tempo de receber o ansiado convite de Dilma.
Nos subterrâneos, os operadores de Vaccarezza vendem a tese de que ele provou-se, sob Lula, capaz de sobrepor as conveniências do Planalto aos interesses do partido.
Alega-se que a turma de Maia, que carrega um DNA sindical, terá dificuldades para se contrapor a projetos que não convêm ao governo.
Menciona-se como exemplo a proposta que institui um piso salarial para PMs e bombeiros.
No total, a infantaria petista soma, na Câmara, 88 deputados. O destacamento de Vaccarezza é estimado em 40.
Reforçado pelo grupo de Chinaglia e outras sub-alas, o pelotão que orbita ao redor de Maia arrastaria os outros 48.
Como a escolha é pessoal, Dilma não precisa necessariamente levar em conta o poderio interno de cada pretendente.
Na função de líder do governo, conta mais a capacidade de interlocução do escolhido com os outros partidos, inclusive os de oposição.
O drama da Câmara não se repete no Senado. Ali, Dilma já reacomodou nas funções de líder governista o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Já na campanha presidencial, Jucá virara personagem de piada. Dizia-se que podia haver dúvidas quanto ao nome do próximo presidente.
A única certeza era a de que, com Dilma ou José Serra, Jucá seria o líder do novo governo no Senado.