Sérgio Lima/Folha

Escalado pela chefe como orador oficial do encontro, o ministro Guido Mantega (Fazenda) borricou otimismo na sala.
Vaticionou que, na Era Dilma (2011-2014), a economia brasileira crescerá a uma taxa anual média de 5,9%. Assim mesmo, com a precisão da vírgula.
Considerando-se a fluidez das finanças planetárias, a previsão do ministro orna mais com a sessão de horóscopo do que com a editoria econômica.
Significa dizer: a antevisão de Mantega tem tudo para se confirmar, desde que os fatos não a conspurquem. Sob Lula, o crescimento médio foi de 4%.
Mantega informou aos seus pares que a taxa de investimentos no Brasil subirá dos atuais 19% do PIB para 24%.
Teceu loas ao ex-chefe: "o governo Lula colocou o Brasil na rota do desenvolvimento sustentável".
Afagou a nova mandachuva: "o governo Dilma vai consolidar o desenvolvimento e colocá-lo em patamares mais elevados".
O PIB entrou em rota benfazeja, disse Mantega, porque não há "desequilíbrios macroeconômicos” e a inflação encontra-se “sob controle”.
De resto, disse que o governo convive com “solidez fiscal e aumento de reservas". As palavras só merecem crédito até certo ponto. O ponto de interrogação.
O equilíbrio macroecômico depende das providências que o novo governo vier a adotar.
A inflação soluça, à espera da administração do conta-gotas dos juros. A solidez fiscal depende do manuseio da tesoura.
Mantega absteve-se de informar na reunião o tamanho do talho orçamentário que o governo se prepara para anunciar.
Nesta sexta (14), a Folha informou que a equipe do ministro projeta um corte superior a R$ 40 bilhões, próximo de R$ 50 bilhões. O ministro negou.
Mantega declarou também que, mercê do seu próprio sucesso, o Brasil convive com desajustes no câmbio.
Algo que exigirá, segundo disse, a adoção de medidas que desonerem o exportador e leve à “redução dos juros”.
O blog ouviu um dos ministros que participaram da reunião. Ele disse:
“Ficou entendido que a chance de êxito do novo governo está condicionada aos sacrifícios que formos capazes de fazer”.