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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Centenas de manifestantes bloqueiam o Parlamento egípcio


Crianças também se manifestaram contra Mubarak na praça Tahrir
Várias centenas de manifestantes tentaram   hoje bloquear o acesso ao Parlamento egípcio, noticia a AFP. A Assembleia é dominada pelo Partido Nacional Democrata (PND) do Presidente Hosni Mubarak, cuja demissão está a ser exigida nas ruas diariamente por milhares de pessoas.


Crianças também se manifestaram contra Mubarak na praça Tahrir (Dylan Martinez /Reuters)

As forças de segurança mobilizaram militares e carros blindados para proteger o edifício, que fica próximo da praça Tahrir, no centro do Cairo, ocupada há semanas pelos manifestantes. Mas mais uma vez o exército não chegou a usar a violência.

“Viemos para impedir que os membros do PND possam entrar. Vamos ficar até que as nossas exigências sejam cumpridas, ou morreremos aqui”, declarou à agência francesa Mohammed Abdallah, 25 anos, enquanto a multidão acenava com bandeiras e gritava “slogans” anti-Mubarak.

“O povo não elegeu o Parlamento”, disse por seu lado Mohammed Sobhi, um estudante de 19 anos. “Queremos a queda do regime inteiro, não apenas do Presidente porque tudo foi corrompido por ele.”

Fora do Cairo, um manifestante morreu em confrontos com a polícia numa província ocidental do Egipto – os primeiros confrontos registados desde que a polícia praticamente desapareceu das ruas depois da sua forte actuação contra os manifestantes a 28 de Janeiro.

Emigrantes regressam para se manifestar

Entretanto, a Al-Jazira descreve a praça Tahrir como um gigantesco acampamento. Os manifestantes estão mais motivados e mais determinados a cada dia que passa”, indicou o activista Ahmad Salah à Al-Jazira. “O movimento está a crescer.”

A cadeia televisiva refere que se tem assistido nos últimos dias ao regresso de muitos emigrantes ao Egipto, a fim de poderem participar nas mega manifestações contra o regime.

Os protestos duram desde o dia 28 de Janeiro e já fizeram Mubarak prometer reformas constitucionais e que não disputará um novo mandato nas eleições de Setembro, depois de 29 anos no poder. As promessas não apaziguaram os protestos, onde se continua a exigir a sua saída imediata.

Na terça-feira, os Estados Unidos – que têm sido um aliado do regime egípcio – anunciaram os quatro passos que o Cairo deveria dar para pôr um fim à crise: acabar imediatamente com as detenções, perseguições e espancamentos de jornalistas e activistas políticos e da sociedade civil, e permitir a liberdade de reunião e expressão; “levantar imediatamente a lei de emergência”; alargar a participação no diálogo nacional de forma a incluir uma gama alargada de membros da oposição; e convidar a oposição como parceiro para a elaboração de um roteiro e um calendário para a transição.

As recomendações foram feitas pelo vice-presidente norte-americano, Joe Biden, depois de o seu homólogo egípcio, Omar Suleiman, ter dito que o país ainda não está pronto para a democracia. Os comentários “foram particularmente inúteis”, reagiu o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.

Governo diz que não aguentará protestos continuados

Suleiman avisou ontem que o Governo não irá aguentar protestos continuados e apelou ao fim da crise o mais depressa possível. Depois de um encontro com os directores dos principais jornais independentes, sublinhou que não haverá “fim do regime” nem uma saída imediata de Mubarak, refere a agência oficial Mena. A alertou ainda para os perigos de se assistir a um golpe de Estado. “Isso significaria medidas rápidas e arriscadas, incluindo uma série de irracionalidades. Nós não queremos chegar a esse ponto; queremos proteger o Egipto.”

O vice-presidente adiantou ainda que a campanha dos manifestantes apelando à desobediência civil são “muito perigosas para a sociedade” e que o regime “não irá tolerar isso de forma nenhuma”.