“Viemos para impedir que os membros do PND possam entrar. Vamos ficar até que as nossas exigências sejam cumpridas, ou morreremos aqui”, declarou à agência francesa Mohammed Abdallah, 25 anos, enquanto a multidão acenava com bandeiras e gritava “slogans” anti-Mubarak.
“O povo não elegeu o Parlamento”, disse por seu lado Mohammed Sobhi, um estudante de 19 anos. “Queremos a queda do regime inteiro, não apenas do Presidente porque tudo foi corrompido por ele.”
Fora do Cairo, um manifestante morreu em confrontos com a polícia numa província ocidental do Egipto – os primeiros confrontos registados desde que a polícia praticamente desapareceu das ruas depois da sua forte actuação contra os manifestantes a 28 de Janeiro.
Emigrantes regressam para se manifestar
Entretanto, a Al-Jazira descreve a praça Tahrir como um gigantesco acampamento. Os manifestantes estão mais motivados e mais determinados a cada dia que passa”, indicou o activista Ahmad Salah à Al-Jazira. “O movimento está a crescer.”
A cadeia televisiva refere que se tem assistido nos últimos dias ao regresso de muitos emigrantes ao Egipto, a fim de poderem participar nas mega manifestações contra o regime.
Os protestos duram desde o dia 28 de Janeiro e já fizeram Mubarak prometer reformas constitucionais e que não disputará um novo mandato nas eleições de Setembro, depois de 29 anos no poder. As promessas não apaziguaram os protestos, onde se continua a exigir a sua saída imediata.
Na terça-feira, os Estados Unidos – que têm sido um aliado do regime egípcio – anunciaram os quatro passos que o Cairo deveria dar para pôr um fim à crise: acabar imediatamente com as detenções, perseguições e espancamentos de jornalistas e activistas políticos e da sociedade civil, e permitir a liberdade de reunião e expressão; “levantar imediatamente a lei de emergência”; alargar a participação no diálogo nacional de forma a incluir uma gama alargada de membros da oposição; e convidar a oposição como parceiro para a elaboração de um roteiro e um calendário para a transição.
As recomendações foram feitas pelo vice-presidente norte-americano, Joe Biden, depois de o seu homólogo egípcio, Omar Suleiman, ter dito que o país ainda não está pronto para a democracia. Os comentários “foram particularmente inúteis”, reagiu o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.
Governo diz que não aguentará protestos continuados
Suleiman avisou ontem que o Governo não irá aguentar protestos continuados e apelou ao fim da crise o mais depressa possível. Depois de um encontro com os directores dos principais jornais independentes, sublinhou que não haverá “fim do regime” nem uma saída imediata de Mubarak, refere a agência oficial Mena. A alertou ainda para os perigos de se assistir a um golpe de Estado. “Isso significaria medidas rápidas e arriscadas, incluindo uma série de irracionalidades. Nós não queremos chegar a esse ponto; queremos proteger o Egipto.”
O vice-presidente adiantou ainda que a campanha dos manifestantes apelando à desobediência civil são “muito perigosas para a sociedade” e que o regime “não irá tolerar isso de forma nenhuma”.