Pesquisar este blog

Total de visualizações de página

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

MST injeta no discurso a causa ambiental

   Sérgio Lima/Folha

Vem aí mais um ‘Abril Vermelho’ do MST. O primeiro da Era Dilma Rousseff.
O movimento tentará adicionar uma novidade à tática da invasão de terras.
O MST se esforça agora para enrolar o discurso velho e embolorado numa bandeira “moderna”: a preservação do meio ambiente.
A estratégia é esboçada por Gilmar Mauro, um dos coordenadores nacionais do MST, numa entrevista ao repórter Gilberto Costa.
A certa altura, o mandachuva dos sem-terra diz: “A reforma agrária não depende mais do MST”, mas de “um debate com a sociedade”.
Como assim? É preciso saber, diz ele, como os brasileiros desejam utilizar o solo, os recursos naturais e a biodiversidade.
Para ele, se a opção for por “servir a essa lógica que está estabelecida do lucro, de fato, a reforma agrária não vai ter espaço no nosso país”.
Mas “se a sociedade quer [...] comer outro tipo de comida [não contaminada], mirando uma perspectiva de preservação desse patrimônio às futuras gerações...”
“...Então, de fato, a reforma agrária é uma das coisas mais importantes e por essa razão [vamos manter] essa jornada de lutas em abril”.
Há um quê de contradição no “novo” lero-lero do grão-emessetê. Proliferam os casos de assentados que promovem o desmatamento predatório.
Inquirido sobre a incoerência, Gilmar Mauro disse: “Nós temos esse problema [de desmantamento] também nos assentamentos...”
“...Mas não é generalizado como se tenta dizer. A razão é simples: ocorre por falta de fiscalização do Incra...”
“...Por falta de iniciativa do próprio Estado em resolver a situação de precariedade dos assentamentos. O MST não orienta a isso”.
Beleza. Promovem-se as invasões. Presiona-se o governo para desapropriar e assentar. O assentado desmatou? Problema do Incra. “O MST não orienta isso”.
Afora a venda de madeira, pululam os casos de venda ilegal de propriedades doadas pelo Estado a assentados. O MST decerto também “não orienta isso”.
Em vez de programar um novo surto de invasões, custeadas com verbas da Viúva, o MST deveria sair em socorro dos já assentados.
A maioria encontra-se desassistida e em petição de miséria. Daí, em grande medida, a exploração predatória do solo e a comercialização dos lotes.
Gilmar Mauro disse que o MST manterá, sob Dilma Rousseff, “uma relação de autonomia com o governo”.
Esmiuçou o raciocínio: “Um movimento que perde sua autonomia perde a capacidade de fazer política”.
Se é “política” o que o MST deseja fazer, deveria pleitear um registro no TSE. Como partido político, teria maior legitimidade para “dialogar” com a sociedade.
Talvez perca a clientela. É possível que não tenha muitos votos. Mas pelo menos deixaria de atuar à margem da lei.