Tendo ao seu redor um mundo árabe em convulsão e um Egito de ponta-cabeça, Hosni Mubarak trocou o papel de ditador pelo de humorista.
Ele fez humor negro numa entrevista à repórter Christiane Amanpour, da rede de TV americana ABC.
A conversa durou cerca de 20 minutos. A alturas tantas, o ditador egípcio disse estar “cansado de ser dirigentes”.
Acossado pelo enfado da população que desgoverna há 30 anos, Mubarak declarou que gostaria de deixar o poder.
Só não saiu ainda por temer que o Egito “afunde no caos”. Em verdade, o melado da desordem escorre pelas ruas do Cairo e adjacências faz nove dias.
Nas últimas 48 horas, uma inusitada resistência pró-Mubarak introduziu no caldeirão um visgo de violência. Até jornalistas estrangeiros são agredidos.
E Mubarak, impassível: "Não me importo com o que as pessoas dizem de mim. Agora eu estou preocupado com o meu país, me importo com o Egito".
Além de perder a autoridade, Mubarak perdeu o senso de realidade. Aparentemente, não descerá das nuvens por conta própria. Terá mesmo de ser arrancado.
