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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Serra classifica gestão Dilma de ‘estelionato eleitoral’

Fernando Donasci e Sérgio Lima/Folha
A dez dias de fazer aniversário de dois meses, a presidência de Dilma Rousseff recebeu do tucano José Serra uma avaliação implacável.
O tucano diz que a gestão da petista, por paralisada, não cumpre promessas de campanha. Afirma que está em curso um “estelionato eleitoral”.
Quatro meses depois de uma disputa em que chegou a adular Lula, vinculando-se a ele na propaganda de televisão, Serra agora soa ácido:
“A herança maldita deixada por Lula é gigante, em razão do descontrole de gastos”.
O ex-presidenciável do PSDB falou ao 'Globo', numa entrevista feita por e-mail. Tachou de “lamentável” o comportamento do Planalto na votação do salário mínimo:
“Oferece cargos, loteia o governo, promove a troca de favores não republicanos em troca da submissão de parlamentares”.
Acha que, ao fixar o mínimo em R$ 545, o governo Dilma tenta “evidenciar ao mercado um rigor fiscal que ele absolutamente não tem”.
De duas uma, diz Serra: ou “o governo está inflando despesas de maneira enganosa ou vai falir o país em um ano”.
Pretende disputar a prefeitura de São Paulo em 2012? Serra jura que não. Vai concorrer ao Planalto em 2014? Ele diz que esse debate é, hoje, uma “perda de tempo”.
Almeja a presidência do PSDB? Serra nega a existência de um movimento para guindá-lo ao comando da legenda. Mas não refuga a hipótese em termos peremptórios.
Serra leva o pé atrás quando instado a comentar a tentativa de Aécio Neves de achegar-se ao sindicalismo no debate do mínimo.
“Qualquer conversa do PSDB com entidades da sociedade civil deve ter o interesse do país como bússola. Não o interesse partidário ou o da corporação”, ele diz.
Vão abaixo pedaços da entrevista de Serra:
- A oposição e a votação do na Câmara: O PSDB se saiu bem, e o mesmo vale para nossos aliados. A bancada caminhou unida e de maneira clara e firme. O partido defendeu com força e razões a proposta dos R$ 600. Há uma outra questão importante apontada pelo deputado Roberto Freire. O projeto que a maioria governamental aprovou na Câmara é inconstitucional, pois permite ao Executivo legislar sobre o salário mínimo por decreto nos próximos três anos.
- Aécio e o flerte com as centrais no apoio do mínimo de R$ 560: Ponto um: é evidente que o PSDB deve dialogar com os sindicatos, centrais sindicais, associações, universidades. Deve apoiar e ser apoiado quando há convergência de pontos de vista, em torno de ideias e propostas concretas. Ponto dois: no reajuste do salário mínimo, a Força Sindical defendia R$ 580, muito mais próximos da nossa proposta de R$ 600 que do decreto do governo, de R$ 545. Só nos últimos dias, diante do rolo compressor do governo, as centrais começaram a mencionar os R$ 560. Agora, qualquer conversa do PSDB com entidades da sociedade civil deve ter o interesse do país como bússola. Não o interesse partidário ou o da corporação.
- Atuação do governo Dilma na votação do mínimo: Lamentável. Está à vista de todos: oferece cargos, loteia o governo, promove a troca de favores não republicanos em troca da submissão de parlamentares. O valor do mínimo está sendo usado para o governo evidenciar ao mercado um rigor fiscal que ele absolutamente não tem. O falso rigor esconde a falta de rigor.
- A promessa de Dilma de cortar R$ 50 bilhões em gastos: Por que não começam pelos cortes de cargos comissionados ou dos subsídios, como os que são entregues ao BNDES? São uns 3% do PIB, R$ 110 bilhões. O governo está inflando despesas de maneira enganosa ou vai falir o país em um ano. Dou um exemplo: as despesas de custeio foram de R$ 282 bilhões em 2010. O orçamento deste ano diz que o governo vai gastar R$ 404 bilhões: um aumento de 43%. Os restos a pagar do governo Lula se elevam só neste ano a R$ 129 bilhões. Quer apostar como vão cancelar muitos dos projetos, depois de servirem como instrumento para atrair votos na campanha?