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terça-feira, 15 de março de 2011

Usinas da União Europeia passarão por teste

BERLIM - A União Europeia concordou em realizar testes de resistência em suas usinas nucleares, e quer que os países vizinhos (principalmente Suíça, Turquia e Rússia) e o G-20 também adotem a medida. Até mesmo a chanceler alemã Angela Merkel optou por conter a avalanche de críticas antinucleares com uma aparente guinada na política de seu governo para o setor. À frente de um país altamente dependente da energia atômica — quase um quarto do total consumido — e sem tempo para negociar com as empresas que operam as centrais, Merkel deixou claro que fechará todas as sete usinas nucleares construídas antes de 1980 por decreto. E, em ano de eleições estaduais-chave para sua coalizão de centro-direita, conta com o apoio de seus aliados — todas as 17 instalações atômicas do país estão em estados governados por políticos ligados à governante União Democrata Cristã (CDU).


Segurança é nossa prioridade
— Segurança é nossa prioridade. E é com foco nisso que guiamos nossas decisões — disse a chanceler alemã à imprensa, sem confirmar o que acontecerá com as centrais nucleares após os três meses de moratória.
Apesar de apoiarem as decisões de Merkel, representantes da oposição acusaram a chanceler de aproveitar a catástrofe e os temores da população com fins eleitorais.
Para a União Europeia, a situação na central de Fukushima está “fora de controle”. O programa de testes das usinas nucleares deve ser ratificado oficialmente pelos ministros de Energia no Conselho Europeu, nos próximos dias 24 e 25. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, será o responsável por oferecer o programa ao G-20 (Entenda o vocabulário atômico).
A medida teve grande apoio da comunidade. Segundo o comissário de Energia da UE, Günther Öttinger, “ninguém foi contra”. Para ele, o fato de a adoção do teste ter sido voluntária foi um grande avanço; se fosse obrigatória, seria necessário rever a diretriz sobre segurança nuclear que atribui aos Estados a exclusividade de suas políticas energéticas.
Os participantes do grupo que não aceitarem fazer as provas vão arcar com as consequências. Critérios de segurança, procedimentos a seguir e especialistas encarregados do programa serão fixados na próxima reunião em Bruxelas.
— Vamos reavaliar todos os potenciais problemas — disse Öttinger, em um raro momento de objetividade, já que na maior parte do tempo o comissário recorreu a Deus para descrever a crise japonesa.
— Há os que falam de apocalipse e a palavra me parece muito apropriada — disse ele no Parlamento Europeu. — Espero que com a graça de Deus se possa evitar o pior.
Quanto aos alemães, a preocupação com a segurança nuclear é crescente desde o acidente de Chernobyl (Ucrânia), em 1986, e agora atingiu seu auge. Muitas das instalações nucleares alemães são de meados dos anos 1970, e as mais novas, de acordo com o plano inicial do governo, só seriam fechadas depois de 2030.
Os jornais locais abordaram o fechamento das usinas em suas primeiras páginas. Em editorial, o diário opositor “Süddeutsche Zeitung” pressionou: “O que aconteceria aqui se um cenário similar ao do Japão atingisse a Europa ou a Alemanha? Ninguém sabe. Uma proteção absoluta só pode ser alcançada sem energia nuclear”.