Num instante em que as projeções de inflação para 2011 ultrapassam os 6%, Henrique Meirelles saiu em defesa de sua gestão à frente do Banco Central.Levou às páginas de ‘O Globo’ um artigo. Anota: durante os oito anos em dirigiu a instituição, “as decisões do BC sempre tiveram caráter técnico”. Meirelles redigiu o texto em resposta a uma notícia da véspera. Informou-se que, em dezembro de 2010, Lula o teria impedido de elevar os juros. A taxa da época era de 10,75%. A inflação já soluçava. De acordo com a informação contestada por Meirelles, Lula lhe teria dito:
“Não vai ter aumento dos juros no fim do meu governo. Agora, esse é um problema da Dilma. Fale com ela. Se tiver que subir juros, será no governo dela”.
De acordo com Meirelles, a notícia é “improcedente”. Daí sua decisão de redigir o artigo.
A peça ganha especial relevância porque chega num momento em que, sob Dilma Rousseff, o governo faz uma inflexão na tática de combate à inflação.
Agora comandado por Alexandre Tombini, o BC adiou para 2012 o esforço para devolver o índice de inflação para as cercanias da meta anual de 4,5%.
Alega-se que, servido em dosagens excessivas, o antídoto anti-inflacionário viraria veneno, comprometendo o crescimento do PIB. Algo que Dilma não admite.
Em seu texto, Meirelles não faz menção à atual gestão da política monetária. Porém, refere-se à autonomia que o BC usufruiu sob Lula como um retumbante acerto.